EUA suspendem carne bovina brasileira - suspeita de abcessos

CUIABÁ - A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) considera precipitada a decisão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em suspender temporariamente a importação de carne bovina in natura brasileira.

O Brasil conseguiu autorização para exportar carne in natura para os norte-americanos no final de julho de 2016, após muitos anos de negociações. É um mercado importante para a pecuária brasileira, apesar de o volume exportado ainda ser pequeno em relação a outros países. A qualidade do nosso produto é tão reconhecida que o Brasil é o único país do mundo que exporta para este país carne oriunda de animais que foram vacinados contra a Febre Aftosa.

A interrupção das transações comerciais foi determinada após o país comprador detectar problemas em testes de qualidade da carne brasileira que é exportada para os EUA. Vale destacar que os abcessos apontados como causa da suspensão são apenas vestígios de reações decorrentes da vacina contra a febre aftosa, que comprometem apenas o aspecto visual do produto, mas não apresenta riscos à saúde.

Mais do que um excesso de zelo do comprador, esta suspensão também significa uma acirrada disputa de mercados entre os produtores norte-americanos e os produtos importados do Brasil. De certa forma, estas são as regras do jogo para quem atende mercados tão competitivos.

A Famato considera o trabalho de inspeção conduzido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) eficiente e rigoroso. Para todos os países que importam a carne brasileira, o produto passa por uma série de etapas de controle de qualidade. Além disso, os frigoríficos brasileiros são modernos e os pecuaristas cada vez mais conscientes da aplicação correta da vacina contra a febre aftosa e da sanidade do rebanho.

Dada a maturidade da produção brasileira, a Famato está, juntamente com o Mapa e outras federações do país, trabalhando para que o país seja reconhecido internacionalmente livre da febre aftosa sem vacinação. Inclusive, entregamos sugestões que irão compor o Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) e estamos participando de todas as reuniões sobre o tema.

Esperamos que o Mapa, na figura do ministro Blairo Maggi, solucione este impasse o quanto antes. Atravessamos tempos difíceis na pecuária. Aos produtores rurais, orientamos cautela neste período e confiança que venceremos porque nossa carne é de qualidade, nossa produção é moderna e os nossos produtores são zelosos na eficiência de seus processos. Toda tempestade só nos pede mais união e tranquilidade porque temos o principal e mais difícil: qualidade e credibilidade. (Ascom SISTEMA FAMATO)

Brasília (23/06/2017) - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai investigar os motivos de reação causadas por vacina em bovinos e auditar plantas frigoríficas que exportam para os Estados Unidos com o objetivo de dar respostas ao governo e a importadores daquele país e restabelecer as negociações no setor. O secretário-executivo do ministério, Eumar Novacki, em entrevista coletiva, informou que será elaborado documento técnico para ser enviado ao governo norte-americano com informações da Secretaria de Defesa Agropecuária e procedimentos adotados em função da suspensão temporária da importação da carne brasileira in natura.

Depois disso, o ministro Blairo Maggi deverá encontrar-se com autoridades de governo nos EUA. E já estava prevista uma reunião entre técnicos dos dois países, no próximo mês de setembro. “É importante recuperarmos esse mercado, que serve de referência para outros países, e onde a competição é muito forte, muito dura”, disse o secretário-executivo. “O nosso produto é de qualidade e vamos demonstrar isso”, afirmou Novacki, lembrando que o Brasil exporta mais de 150 países e que cem por cento dos produtos embarcados têm recebido inspeção sanitária no momento em que chegam ao destino sem relato de problemas.

O mercado norte-americano foi aberto ao Brasil, em setembro do ano passado, depois de 17 anos de negociações. De janeiro a maio, foram exportadas mais de 11 mil toneladas, equivalentes a cerca de US$ 49 milhões. “A determinação do ministro Blairo Maggi é respondermos de forma contudente e com transparência”, afirmou Novacki. 

Questionado se seria retaliação por questões de mercado, ou se o governo havia sentido mudanças em relação ao Brasil a partir da posse de Trump (Donald Trump), o secretário executivo admitiu que há uma tendência do atual governo americano a adotar uma postura mais nacionalista, mas não crer que seja necessário recorrer à  Organização Mundial de Comércio (OMC), por entender que não deve ser uma questão de protecionismo.  “Acreditamos que o relacionamento comercial se dê em bases éticas, do mesmo modo como o Brasil age com seus parceiros”.

 

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