Operação Porteira Aberta - JBS emite nota - PF repassa informações
ATUALIZAÇÃO - Sobre a Operação Porteira Aberta da PF
BARRA DO GARÇAS - Nossa reportagem fez contato com o Delegado Rafael Valadares da Polícia Federal de Barra do Garças. Por telefone, ele disse que nenhuma empresa de Água Boa foi alvo da operação da Polícia Federal hoje.
O alvo da operação são fiscais sanitários e médicos veterinários. No caso, um profissional foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua residência. Porém, segundo o delegado da PF, o profissional não mora em Água Boa, mas em Canarana.
Por enquanto, não serão revelados outros detalhes sobre a investigação.
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BARRA DO GARÇAS – A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (10/12) a segunda fase da Operação Porteira Aberta. A ação, que contou com o apoio do MPF, visa combater um esquema de pagamento de propinas a servidores públicos de fiscalização sanitária federal pela empresa investigada, para emitirem certificados sanitários sem terem de fato fiscalizado/inspecionado o abate de animais na empresa.
Participam da ação mais de 60 policiais federais, que cumprem 15 mandados de busca e apreensão em seis estados: Mato Grosso, Goiás, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Estão sendo cumpridos ainda 15 Termos de Compromisso aplicando medidas cautelares diversas da prisão, dentre elas, o afastamento de Fiscais Federais Agropecuários. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Barra do Garças/MT, que também determinou o sequestro de bens e valores pertencentes a quatro fiscais federais agropecuários, totalizando R$ 5.080.200,00.
O pagamento de propina vinha ocorrendo nas unidades da empresa situadas nos municípios de Anápolis/GO, Campo Grande/MS, Cassilândia/MS, Barra do Garças/MT, Confresa/MT, Cuiabá/MT, Diamantino/MT, Pedra Preta/MT, Vila Rica/MT, São José dos Quatro Marcos/MT, Água Boa/MT, Matupá/MT e Ponta Porã/MS. Os valores destinados ao pagamento de propinas eram registrados na contabilidade das unidades da empresa como despesas de consultoria e marketing ou serviço de inspeção federal.
A segunda fase é resultado da análise dos dados bancários dos investigados, dos documentos contábeis apreendidos durante a deflagração da primeira fase (15/06/2018), os quais apontaram o pagamento de R$ 1.860.700,00 em propina
apenas na unidade de Barra do Garças/MT, além da celebração de 11 acordos de colaboração premiadas entre o Ministério Público Federal e Polícia Federal com os prepostos da empresa responsáveis pela operacionalização dos pagamentos.
Os colaboradores afirmaram que houve o pagamento de, no mínimo, R$ 6.092.200 em propinas aos agentes públicos envolvidos. As propinas variavam de R$ 5 mil a R$ 25 mil mensais, que perduraram até o início de 2017, cessando
com a deflagração da Operação Carne Fraca.
As investigações mostram que entre os anos de 2010 a 2014 os lançamentos contábeis destinados a encobrir as propinas se valeram de documentos falsos, já que o CPF destinatário das despesas, que teria supostamente prestado os serviços de marketing, pertencia a pessoa falecida em 2009, momento anterior aos lançamentos.
São alvos da operação os fiscais federais agropecuários e os médicos veterinários conveniados ao SIF, que atuavam na fiscalização das plantas industriais da empresa localizadas nos referidos municípios.
Os investigados irão responder por corrupção ativa e passiva, além de organização criminosa, podendo pegar até 20 anos de prisão.
*A operação foi denominada Porteira Aberta, tendo em vista a ausência de controle dos animais, a falta de inspeção dos fiscais sanitários, que permitia que o gado fosse abatido indiscriminadamente, sem qualquer empecilho. (Ascom Polícia Federal)
JBS - Nossa reportagem fez contato com a assessoria de imprensa da JBS em São Paulo. A empresa enviou a seguinte resposta por email:
"A JBS esclarece que nenhuma unidade da empresa foi alvo da segunda fase da operação Porteira Aberta. A empresa reforça que a operação em curso não tem qualquer relação com a qualidade dos produtos da empresa, cujos processos produtivos seguem padrões e normas internacionais." (Inácio Roberto/Ascom JBS)