Atoleiros e pontes quebrando ameaçam ilhar região da MT-326 e MT-240
NOVA NAZARÉ/COCALINHO – Nossa reportagem visitou ontem as rodovias estaduais MT-240 e MT-326 entre Água Boa e a região dos calcários, interior de Cocalinho. A rodovia do calcário está comprometida, especialmente entre a BR-158 e Nova Nazaré. Cheia de buracos, a rodovia é alvo de reclamação dos caminhoneiros. Muitos motoristas já não fazem mais o percurso, preferindo a MT-240 pelo estado de conservação. Só que o intenso trânsito de carretas e caminhões carregados principalmente de calcário, deverá deixar a MT-240 em situação precária nas próximas semanas. A MT-240, por exemplo, tem o pior trecho dentro do município de Água Boa. Mesmo sendo uma rodovia estadual, a prefeitura de Nova Nazaré deixou a estrada sob sua responsabilidade em boas condições. Porém, a MT-326 tem situações distintas. Entre Nova Nazaré e Balsa do Rio das Mortes, existem trechos com boa conservação. Porém, depois da balsa para quem viaja para Cocalinho, existe um trecho de cerca de 12 quilômetros, que só não ficou intransitável ontem, por que não choveu no local. Nosso veículo de passeio demorou 45 minutos para transitar nesses 12 quilômetros. Encontramos verdadeiras crateras de cerca de 1 metro de profundidade dentro da pista, sem falar nos inúmeros atoleiros. Encontramos vários caminhões quebrados ao longo do trajeto. Para ter uma ideia da situação das rodovias estaduais, para percorrer os 90 quilômetros, desde Água Boa até a região dos calcários, a viagem demora quase 3 horas, incluindo a travessia por balsa.
– No trajeto percorrido pela reportagem, encontramos várias pontes em situação precária. As estruturas feitas de madeira não vão suportar mais algumas semanas de trânsito pesado. Alguns caminhoneiros disseram que ontem estavam fazendo a última viagem, mesmo tendo frete contratado para mais 3 semanas. O problema é que os caminhoneiros não suportam mais os prejuízos das viagens por estradas péssimas. Eles estão revoltados, pois não recebem ajuda de nenhum lado. Segundo os motoristas, o governo do estado e até as prefeituras os abandonaram. Eles disseram que o transporte do calcário gera renda e emprego, mas não há investimentos nas estradas para suportar novo aumento de área plantada no futuro. No retorno para Água Boa pela MT-240, acompanhamos um comboio de caminhões. Dezenas deles retornam por essa rodovia que ainda está em melhor condição do que a MT-326. Nossa reportagem só conseguiu retornar ontem da região dos calcários, por que não choveu durante o dia.
– Caminhoneiros entrevistados pela reportagem afirmam que a rodovia do calcário nunca esteve em tão mau estado de conservação como esse ano. Os motoristas que viagem por vários lugares do país, se queixam do estado de abandono das rodovias estaduais e federais no Araguaia. José Gois, que foi um dos primeiros caminhoneiros a puxar calcário na década de 80, lamentou o que está ocorrendo em pleno século 21. Gois disse que os políticos deveriam ter vergonha na cara em continuar cobrando altos impostos, mas não oferecer as obras necessárias como contrapartida. Os motoristas em geral disseram que a cada viagem, contabilizam prejuízos por causa da condição das estradas. O desabafo dos caminhoneiros será apresentado daqui a pouco, no bloco de reportagens.